O diretor de design da Mercedes-Benz, Gordon Wagoner, está prestes a deixar o cargo, marcando o fim de uma era de “design sensual”.

No final da tarde de ontem, Gorden Wagener, diretor de design do Grupo Mercedes-Benz, anunciou em suas redes sociais que deixará oficialmente o cargo em 31 de janeiro de 2026.

Em seu discurso de despedida, Wagner escreveu:

Durante quase três décadas, tive a sorte de moldar a linguagem de design e o estilo da marca Mercedes-Benz. Juntos, definimos uma era com coragem, criatividade e inovação arrojada… Todos os objetivos que estabeleci para a Mercedes-Benz foram alcançados com sucesso. O projeto para o futuro foi traçado e chegou a hora de encerrar este capítulo e passar o bastão com confiança para o meu sucessor.

Essa saída foi iniciada por Wagner e resultou de negociações entre ambas as partes.

Sua saída não apenas encerrou sua carreira de 28 anos na Mercedes-Benz, mas também marcou o fim de uma era para a montadora alemã de carros de luxo — uma era que antes era dominada por uma estética extremamente sensual, mas que acabou envolvida em controvérsias em meio às dificuldades da eletrificação.

Isso toca tanto a mente quanto o coração.

Vamos voltar no tempo para 2008.

Naquela época, Wagner, de 39 anos, acabara de suceder Peter Pfeiffer como vice-presidente de design da Mercedes-Benz. Ele enfrentava uma tarefa extremamente difícil: como fazer com que uma montadora centenária, profundamente enraizada em tradições voltadas para a engenharia, recuperasse seu apelo para os jovens por meio do design.

Antes de Wagner, tanto Bruno Sacco quanto Peter Pfeiffer, líderes de design da Mercedes-Benz, possuíam sólida formação em engenharia. Seus projetos seguiam princípios rigorosos de engenharia, apresentando linhas fortes e sóbrias, mas também revelando um certo grau de conservadorismo.

Wagner rompeu com tudo isso. Como o primeiro "designer puro" a obter um diploma do Royal College of Art, ele trouxe uma intuição estética mais radical.

Wagner estabeleceu uma filosofia de design chamada "Pureza Sensual", defendendo que ela "toca tanto a mente quanto o coração". Ele esperava eliminar os ângulos e linhas complexas dos veículos Mercedes-Benz e, em vez disso, buscar curvas esculturais e o fluxo de luz e sombra.

Não queríamos mais ser conservadores; a Mercedes tinha que ser emocionante. Você nem precisa entrar no carro; você tem que se apaixonar por ele à primeira vista.

Guiado por essa filosofia, Wagner redefiniu quase completamente o conceito de luxo da Mercedes-Benz na era dos carros movidos a gasolina.

Lançado no início da década de 2010, o cupê de quatro portas CLS rompeu completamente com o estereótipo dos sedãs tradicionais de três volumes, com suas linhas elegantes de fastback e postura baixa. Posteriormente, modelos como o Classe A (W176) e o CLA, voltados para o público mais jovem, deram continuidade a essa linguagem de design, ampliando com sucesso o público da marca.

▲ Mercedes-Benz CLS 350 2010

A criação mais querida de Wagner, o AMG GT, levou essa "sensibilidade" ao extremo, tornando-se um modelo de combinação de alto desempenho e estética.

É puramente um produto da emoção e da paixão.

Em 2016, com base em suas conquistas excepcionais, Wagner foi promovido a Diretor de Design, com responsabilidades que se estendiam à Maybach, AMG e até mesmo a iates. Essa foi sua era de ouro, quando o design deixou de ser um apêndice da engenharia e se tornou o motor central da marca premium.

Controvérsia e Perda

Mas, à medida que a indústria automotiva começou a se voltar para a eletrificação, a linguagem de design de Wagner, que havia sido invencível na era dos carros movidos a gasolina, sofreu um grande revés.

Nos modelos EQS e EQE, em busca da máxima eficiência aerodinâmica, Wagner liderou o projeto de uma estrutura exclusiva de "um arco".

Este design teve um desempenho perfeito nos testes em túnel de vento, mas gerou grande polarização no mercado consumidor. O formato arredondado da carroceria foi apelidado jocosamente de "rato" ou "jujuba", perdendo a aura de solenidade e luxo da qual a Mercedes-Benz sempre se orgulhou.

Os números de vendas são a prova mais direta. Como um sedã elétrico topo de linha, o EQS não atendeu às expectativas iniciais do mercado, forçando inclusive a Mercedes-Benz a lançar urgentemente uma reestilização e reexaminar sua futura direção de design. O próprio Wagner admitiu posteriormente, de forma sutil, que esse design radical poderia ter sido "muito à frente de seu tempo".

A contradição não se reflete apenas na aparência, mas também no design desconexo da cabine de pilotagem.

Recentemente, Wagner tem criticado frequentemente o design de interiores de seus concorrentes. Ele criticou o interior do carro conceito da Audi, dizendo que lembrava um "design de 1995", e expressou desprezo pelo design de tela dupla do BMW iX3, afirmando categoricamente que "telas não são luxo" e sugerindo que o futuro deveria retornar ao requinte artesanal do "Hiperanalógico".

Mas a realidade é que a Mercedes-Benz lançou a maior tela de 56 polegadas do setor durante sua gestão. Essa discrepância entre suas palavras e ações pode refletir a confusão dele e da Mercedes-Benz durante o período de transição.

▲ Tela grande de 56 polegadas da Mercedes-Benz

sucessor

Apesar das controvérsias que se seguiram, ninguém pode negar o lugar de Gordon Wagner na história do design automotivo.

Ao relembrar os 28 anos de carreira de Wagner, desde seu envolvimento no projeto do SLR McLaren quando ingressou na empresa em 1997 — um supercarro projetado em colaboração com o lendário designer de Fórmula 1 Gordon Murray, que permanece um destaque na história de alto desempenho da Mercedes-Benz — até a inovação do Classe S W222 e o renascimento moderno do veículo off-road Classe G, e depois o retrofuturismo do R232 SL, seu trabalho sempre buscou um delicado equilíbrio entre tradição e inovação.

▲ Mercedes-Benz SLR McLaren

O CEO da Mercedes-Benz, Ola Källenius, comentou sobre ele, dizendo: "Gordon Wagner moldou a imagem da nossa marca com sua filosofia de design visionária."

Na véspera de sua partida, o último legado de Wagner foi o carro-conceito Vision Iconic. Este carro-conceito, com seu estilo Art Déco inconfundível e grade frontal imponente, prenunciou uma nova geração de linguagem de design para veículos, incluindo o Classe C totalmente elétrico em 2026 e o ​​Classe E totalmente elétrico em 2027.

Após sua saída, o bastão será passado para Bastian Baudy, de 41 anos, atual chefe de design da Mercedes-AMG.

Bodi formou-se em design de transporte pela Universidade de Pforzheim e ingressou na Mercedes-Benz em 2010. Seu trabalho de destaque foi o carro-conceito AMG Vision Gran Turismo, que ele projetou para o jogo Gran Turismo 6 em 2013. Esse carro foi inspirado nos carros de corrida da Mercedes-Benz da década de 1940, com um design exagerado e musculoso que demonstrava o excelente domínio de Bodi sobre esportividade e potência.

▲AMG Vision Gran Turismo

Nos últimos anos, como diretor de design da AMG, Boudi não apenas manteve o estilo agressivo dos carros de alto desempenho, mas também esteve profundamente envolvido no design do EQE e da Classe E.

Assim como Wagner assumiu o cargo de "chefe de design mais jovem", a Mercedes-Benz parece depositar suas esperanças em jovens talentos mais uma vez para combater a crescente saturação estética do mercado. A marca não só precisa herdar o legado da "Pureza Sensual", como também redefinir o que constitui o "luxo Mercedes-Benz" para a nova geração, em meio às pressões da eletrificação e da digitalização.

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